quarta-feira, 23 de março de 2011

"Plural" nem sempre é bem-vindo

Não foram descobertas as identidades dos mortos” ou “Não foi descoberta a identidade dos mortos”? Apenas uma das construções está correta. Acerta quem opta pela segunda, em que o termo “identidade” aparece no singular.

Nem sempre o plural é necessário – aliás, há casos em que ele realmente não é bem-vindo. Não se usa o plural, por exemplo, quando uma propriedade se refere a dois ou mais sujeitos. Ao dizer não foi descoberta a identidade dos mortos, está-se naturalmente fazendo referência à identidade de cada um deles. O singular, nesse caso, tem valor distributivo. É por isso que dizemos, por exemplo, que “mais de 200 pessoas vão perder o emprego” (não “os empregos”).

É esse ainda o caso de construções como “Era esperada a presença de Gil e Caetano”, “A volta de Ronaldo e de Marquinhos está prevista para amanhã”, “A morte de fulano e de beltrano...”. Observe que o substantivo abstrato, de caráter geral, não vai para o plural, mesmo em referência a mais de um elemento.
O mesmo se pode dizer em referência às partes do corpo humano: “Os empresários perderam a cabeça quando souberam da notícia”, “Aquelas mulheres não têm coração”, “Empinaram o nariz e seguiram em frente”.

Claro está, porém, que, no caso de partes do corpo como mãos, pés ou olhos, o plural poderá aparecer. Assim: “Ergueram os olhos subitamente”, “Levantem as mãos para o céu” etc. Observe a diferença entre “levantar a mão” (uma delas) e “levantar as mãos” (ambas as mãos). Visto isso, examinemos o fragmento abaixo:
“Desde 2008, 82 prefeitos já perderam os mandatos.

Ora, o plural “mandatos” parece sugerir que cada prefeito possa ter mais de um mandato, coisa que não estava nos planos do redator. Esse é um caso de uso indevido do plural, que se corrige assim:
Desde 2008, 82 prefeitos já perderam o mandato.

Fonte: Uol Educação

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