quinta-feira, 10 de março de 2011

Setor de gastronomia tem vestibular mais disputados do que medicina

Fatia do mercado de trabalho que mais cresce no Brasil vai precisar de muita mão de obra até a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016.

A rotina na cozinha não era a que os pais de Ludmila Ribeiro sonhavam para ela. A estudante até começou a cursar medicina, mas convenceu a família de que a gastronomia é uma paixão que pode dar certo. “Eu queria fazer intercambio na faculdade, fazer cursos fora, me especializar e no futuro queria abrir um restaurante”, comenta a estudante.

Ludimila e Lucas Motta vão ser colegas a partir de março num dos mais novos cursos de gastronomia do Rio de Janeiro. “Com a Copa do Mundo e a Olimpíada que vem aí, vai encher de turista e mais restaurantes no mercado, será cada vez melhor para a gente”, espera o estudante Lucas.

Pensamento assim pode explicar a grande procura por essa profissão no momento. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o curso de gastronomia desbancou o de medicina, tradicionalmente o mais concorrido no vestibular. Foram mais de 115 candidatos por vaga.

Hoje, 96 instituições de Ensino Superior oferecem o curso de gastronomia no Brasil. Há dez anos, eram quatro. Três universidades federais estão inaugurando o curso este ano. Elizabeth Guedes é reitora de um centro universitário ligado a um grupo americano. O novo curso de gastronomia é a menina dos olhos da instituição.

“A maior parte dos nossos investimentos está sendo feito nas nossas cozinhas. Nós temos todos esses eventos internacionais para acontecer, e todo nosso planejamento foi no sentido de prover essa mão de obra que o Rio de Janeiro precisa”, afirmou a reitora Elizabeth Guedes.

Segundo o Ministério do Trabalho, 8% dos empregos diretos gerados hoje no país vêm da gastronomia. São quase seis milhões de vagas, e vem muito mais pela frente.

“Tem colocação imediata no nosso banco de currículos. A vaga do chefe de cozinha dura duas horas e meia”, calcula Pedro de Lamare, presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio.

De um lado, está um mercado de futuro com promessa de gerar muitos empregos. Do outro, a necessidade de encontrar mão de obra capacitada para ocupar essas vagas. Aí entra a importância dos cursos nas faculdades. Agora, quem escolher essa profissão deve ter uma certeza: de que a realidade na cozinha não é para qualquer um.

“O glamour é realmente quando o prato vai à mesa, o cliente abre o olho e diz: ‘Nossa, que prato bonito’. Toda aquela decoração, cheiro e sabor que ele vai comer depois. Ali está o glamour, porque aqui na cozinha são 40°C a 50°C o dia inteiro”, conta o subchefe de cozinha Álvaro Osório.

Álvaro é subchefe e comanda a cozinha de um dos principais restaurantes do Rio. Fez faculdade no Brasil e especialização fora do país, em uma tradicional escola francesa. Trocou a nutrição pela gastronomia e está convencido de que acertou na escolha. “O sonho é sempre ser o chefe, mas tem muito caminho ainda”, observa Álvaro Osório.

Fonte: G1

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