quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Anulação de questões do Enem 2011 muda cálculo para acesso à UFMG

Cyntia Baeta e Cristina Fernandes (à esquerda), com colegas de cursinho:
queixas sobre falta de transparência e de credibilidade do exame
Diante de uma equação indecifrável, 61,5 mil candidatos ao vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) têm pela frente um desafio de gigantes para saber se estarão na segunda etapa do processo seletivo. Até agora, a única certeza é de que a soma de um complexo modelo estatístico – a Teoria de Resposta ao Item (TRI), usada na correção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – e da fórmula mirabolante adotada pela UFMG para definir a lista da segunda etapa resulta em apreensão e insegurança para quem sonha com a vaga. Tanta confusão ainda tem como complicador a anulação, esta semana, de 13 questões do Enem, por decisão da Justiça Federal do Ceará.

Até meados de dezembro, quando a universidade deve anunciar a lista oficial dos convocados para a segunda etapa, os estudantes terão de conviver com esses enigmas, dúvidas e ansiedade. “O pior é a incerteza. Acho que o cancelamento das questões prejudica muitos candidatos e torna ainda menos transparentes os critérios para pontuação do Enem e para a convocação da segunda fase”, diz Cyntia Baeta, de 22 anos, candidata ao curso de medicina. Com uma rotina estressante de estudos, Cristina Fernandes, de 21, que disputa vaga na mesma graduação, considera o processo “injusto”. “O Enem já perdeu a credibilidade, porque sempre tem problemas. E ainda se criam mais complicações, como a TRI.”

Conforme o Estado de Minas mostrou na última semana, a Teoria de Resposta ao Item, usada na correção do Enem, é um modelo de estatística que leva em conta no cálculo da nota do estudante não apenas o número de erros e acertos na prova. Com base em uma fórmula matemática, a média obtida depende do número de questões acertadas, do grau de dificuldade das perguntas e também da consistência das respostas. A TRI também é capaz de identificar o acerto casual de alguma questão, o conhecido chute. Sem ferramentas para decifrar a complexa equação, resta aos alunos conferir o gabarito do exame e aguardar a divulgação do resultado final pelo Ministério da Educação (MEC).

EquaçãoNo caso da fórmula usada desde o ano passado pela UFMG, o entendimento dos cálculos também não é fácil. O edital do processo seletivo prevê a aplicação de uma equação, um polinômio de grau 12, ou equipercentile, para converter a nota do Enem na hora de convocar os estudantes para a segunda etapa do vestibular. Segundo a universidade, não seria correto fazer uma conversão direta, por meio de regra de três, por exemplo, da escala de notas do exame nacional, que variam de 0 a 1.000, para as da primeira etapa da UFMG, que vão de 0 a 64.

A principal justificativa da universidade para a criação da fórmula é o programa de bônus do processo seletivo. Segundo a Coordenação Permanente do Vestibular, a aplicação direta do bônus sobre a nota do Enem provocaria distorção e prejudicaria candidatos sem direito ao benefício. Já com a ferramenta matemática, o impacto seria menor. Pelo programa de cunho social, alunos que cursaram as quatro últimas séries do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e todo o ensino médio (1ª à 3ª série) em escolas públicas têm bônus de 10% na nota do vestibular. Os que cumprem esse requisito e se autodeclaram negros ou pardos ganham mais 5% de bônus.

A UFMG ainda não se pronunciou sobre a possibilidade de a anulação de 13 questões – o que deixa o exame com 167 perguntas e não mais 180 – trazer impactos para a equação ou para a forma de convocação dos alunos para a segunda fase do concurso. A instituição informou que só deve se manifestar quando for oficialmente comunicada pelo MEC.


Fonte: Estado de Minas - Por Glória Tupinambás

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