terça-feira, 28 de maio de 2013

"A morte da abelha"

A natureza nos mostra a todo instante que estamos afetando-a e ela responde de forma vingativa. Estamos invadindo sua privacidade, desrespeitando suas leis e em consequência, ela responde de forma defensiva, afinal cada um se defende como pode e com as armas que possui.

Na hora do recreio, a professora fumante (é lógico que não se pode fumar nas dependências da escola) fumava tranquila em frente à escola, bem ao lado de um orelhão. Matava o danado do vício, quando de repente aconteceu o inesperado. Os animais procuram os melhores espaços para construírem suas casas, mas como os espaços naturais estão cada vez mais escassos, porque o homem tem a grande necessidade de danificar, opa! Melhorar para ele, é claro, o espaço, retirar da natureza o proveito financeiro tão sonhado e desejado. Sem habitat esses animais procuram cada vez mais as cidades para se alojarem. Quantas vezes parada, em frente ao sinaleiro, esperando o sinal abrir, os olhos pousam lá no semáforo e constata entre as cores ninhos de pássaros.

Pois é agora também as abelhas resolveram morar na cidade. Chegaram ali e acharam que o orelhão era o local ideal para se amontoarem e ali construíram sua colmeia. Por esse espaço transitam pessoas, e muitas, todos os dias e daí se não mexerem com elas , nada acontecerá, bicho e homem vivem bem, mas... não, a professora desavisada, soltou uma baforada de fumaça bem na cara da abelha. A pobre da abelha já irritada com tanto barulho e cheiros fortes, estressadíssima, não gostou daquela fumacinha, aquele cheiro insuportável afetando seus pulmões Cof! Cof! Cof! E antes que sua vida fosse ao fim, tomou a decisão de atacar. Saiu à caça da professora de Geografia que tanto preza o meio ambiente em suas teorias. E foi assim que se deparou com os olhos da professora, piscando de prazer, era bem ali, na pálpebra, que iria atacar e preparou o bumbum, encolheu-o e um ferrão bem gordinho e afiado surgiu. Morro feliz, vinguei a mim e a toda colmeia. Adeus morte ingrata e cheia de graça.

A professora saiu tonta, sem entender direito o que estava acontecendo, gritava socorro. Era dor infinita, meu Deus. E doía o olho, a face, o ouvido, a cabeça. Meia dúzia de pessoas tentavam socorrê-la e finalmente o ferrão foi retirado. Era enorme, dava para sentir o veneno escorrendo.

Uma ambulância!

Não! Gritava a professora, nunquinha. Não estou enxergando desse olho.

Posso levá-la ao hospital.

Não!

Mas você não está vendo!

Tenho o outro olho! Vou com minhas próprias pernas à farmácia. Não sou alérgica. Peço uma xilocaína.

E foi. Então fui providenciar a mudança das pobres abelhas. Liguei para a companhia responsável pelo orelhão. E lá vem toda aquela parafernália eletrônica. Se você deseja isso, digite isso. Se você deseja aquilo, digite aquilo. E o tempo escorrendo. Até que finalmente, depois de cinco minutos, uma moça me atendeu toda gentil de treinamento decorado. Parece máquina. Não é atoa que os operadores de telemarketing apresentam a maior porcentagem de estresse e doenças cardíacas. Afinal a sensibilidade é primordial para a manutenção do equilíbrio emocional.

E voltemos a nossa história...

Depois de toda a minha explicação e ela ter me ditado uma imensidão de números, dizendo ser o protocolo, pediu-me que aguardasse um minutinho. Nisso já tinham transcorridos uns vinte minutos. E demorou, demorou, o silêncio era tamanho que pensei que ela tinha colocado o fone do lado só para se ver livre de mim ou de outras pessoas é claro. Voltou dizendo que não havia identificado o número do orelhão. Foi então que tive a brilhante ideia de pedir ao disciplinário para verificar o número, sem importunar as abelhas é claro. E a bendita moça ainda me perguntou se iria demorar, é lógico que eu estava a mãe da paciência e disse-lhe que era só um minutinho. E o pior é que foi mesmo, acho que o disciplinário correu, quando vi já estava com o número na minha frente. E aí ditei o número e ela me pediu que esperasse mais um minutinho. Só mais um minutinho senhora...

A... tem sete dias para resolver o problema senhora.

O quê? Sete dias!

Não, até sete dias.

Não se esquecendo de que são sete dias úteis. Ahahahah. E a vida continua.

No dia seguinte, a professora liga, dizendo que estava no hospital toda deformada pelo inchaço e com a cabeça atrapalhada. Falava e não conseguia conectar bem as ideias. Estava tomando injeções, no braço, no bumbum...

Os avisos são dados pela natureza e por Deus a todo instante, saber lê-los é o grande desafio do homem. E... a vida continua!


 

Por Eliana Prata - Coordenadora do Ensino Fundamental 1 CNSD

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