sexta-feira, 27 de setembro de 2013

"Diário de Bordo da Terceira Série do Ensino Médio": Professora Débora Lima

Por aqui, a saga de uma turma de alunos com aptidões diferentes, empolgados com o futuro, extremamente antenados às novas tendências e ainda assim com algumas dúvidas - típicas da idade...

Do outro lado: Coordenação, Direção, Professores e todo o Colégio Nossa Senhora das Dores em grande sintonia para promover um ano especial e decisivo para a formação humana e profissional de cada um destes adolescentes.

Hoje, com a palavra... Professora Débora

Nome
Débora Lima

Formação
Graduação em Letras, Especialização em Linguística aplicada à Língua Materna: 1º, 2º e 3º Grau , Curso de Redação: Correção de Redação em vestibular e Curso de Literatura Infantojuvenil

Disciplina que leciona
Redação

De que forma, dentro da sua disciplina/conteúdo, os alunos estão sendo preparados para esta transição: escola – faculdade?
Na aula de Redação, há um preparo para que o aluno adquira competência linguística. Esta competência engloba desde conhecimentos gramaticais a aspectos relacionados à estrutura textual. O modelo de correção baseia-se nas competências exigidas no Enem e em outros processos seletivos. Trabalhamos a estrutura argumentativa, coesão, correção gramatical e fatores de coerência como progressividade, informatividade e situacionalidade. Os textos são produzidos a partir de atualidades por meio de reflexão e discussão, tendo como base o painel de textos. Há também um tempo dedicado à reescritura e higienização de textos. Os textos são corrigidos em duas visões: local – cuja correção é linha por linha e global – em que se analisa a coerência e o uso adequado de elos coesivos tanto referenciais quanto sequenciais.

Como foi sua experiência quando cursou a 3ª série?
Minha experiência foi ótima, primeiro porque consegui atingir a meta a que me propus desde o 1º ano: ler os principais clássicos da Literatura Brasileira. Não tinha nenhum livro, na época era artigo de luxo, mas era visitante assídua da Biblioteca da escola e da Biblioteca pública. Lembro-me de que a Bibliotecária sempre me dava um prazo a mais para devolução e me deixava buscar os livros nas prateleiras, o que era proibido na escola. Na época, duas professoras me influenciaram muito: Dona Conceição e Dona Silvana. A primeira foi professora de Literatura, ela escolhia um livro e me passava para que eu adaptasse para o teatro da escola, cheguei a passar vários finais de semana lendo e datilografando textos, aprendi com ela a respeitar prazos, a ser responsável com os estudos, o que tento fazer hoje na minha profissão. Dona Silvana lecionava Redação, foi a única professora de Redação que tive no colegial; as outras, davam aulas de Português e vez por outra pediam um texto, recolhiam e escreviam parabéns para todos. Dona Silvana era exigente, explicava e cobrava resultados. Ela me deu um livro de técnicas de Redação no meu aniversário e lembro-me de que chorei ao ler a dedicatória porque, na escola onde estudei, professores não se preocupavam com alunos, tínhamos que levantar quando eles chegavam na sala e não admitiam nem que pegássemos material emprestado. Tive que aprender muito conteúdo que não estudei para prestar vestibular, mas a lacuna de conhecimento foi menor do que o mais importante que aprendi. Nossa turma era “revolucionária”. Fui monitora de sala junto com um colega, representante estudantil da escola, fiz parte da comissão de formatura, diretora do teatro e escrevi textos relacionados às reivindicações. Lutávamos por melhores aulas, por melhorias na Biblioteca, reforma da quadra de esportes, melhoria da qualidade da merenda, direito a frequentar as reuniões de pais e melhores condições para as faxineiras e para o zelador do colégio. Fazíamos campanhas para arrecadação de agasalhos, mantimentos e produtos de higiene para bairros pobres. Tínhamos grupos de estudo em que os colegas com facilidade em uma disciplina ajudavam os outros, e sempre fazíamos uma “vaquinha” para a compra de material escolar: borracha, lápis, caderno e livros para os colegas mais carente. O 3º ano foi o meu primeiro exemplo de cidadania.

Fala, Débora!
Para mim, o 3º ano é o meu 9º ano mais maduro. Houve poucas mudanças na turma, ao contrário do que pareça, não acho que eles se dedicam mais aos estudos hoje que quando eram ainda mais garotos. Naquela época, eles já eram responsáveis, acho que só a cobrança deles e a nossa, Professores, é maior. Quanto ao conteúdo, não posso reclamar, acho-os bastante interessados e raramente tenho problema de disciplina, além do que, nada que chegue a atrapalhar o entendimento do conteúdo. Outro fato maravilhoso é que sinto o quanto eles são compromissados e buscam sempre melhorar os textos, passam-me a impressão de que confiam no meu trabalho, o que me motiva muito, adoro as segundas-feiras! Mas não quero falar somente de conteúdo, a vida se encarregará de cobrar os conhecimentos adquiridos. Quero falar do respeito que eles sempre demonstraram comigo, sabem ouvir, aceitam quando erram, questionam educadamente, sabem acolher. Essa é a mesma turma amável, educada e solidária que conheci há anos. Independente do poder aquisitivo, eles se tratam bem, são gentis, são “humanos”. Gostaria de fazer um pedido à turma, não percam a TERNURA, não deixem que o acúmulo de matérias, o estresse do vestibular ou os embates que ainda enfrentarão roube-lhes a doçura, a leveza! Se em algum momento tiverem que escolher entre ser um profissional muito bem sucedido ou uma boa pessoa, escolham a segunda opção, não se corrompam, não passem em cima de valores ou desmereçam quem quer que seja, e independente de dinheiro, sejam felizes! É isso que desejo porque quando estou em sala de aula, na frente de vocês, é assim que me sinto!

Diário de bordo do Ensino Médio: acompanhe semanalmente aqui no Blog CNSD.

Nenhum comentário:

Postar um comentário