quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Crianças obesas: quem se importa?

Começamos essa matéria com a repetição de uma estatística que evidencia a preocupação da Organização Mundial Saúde (OMS) quando alerta para uma epidemia de obesidade: uma em cada três crianças brasileiras de 5 a 9 anos está acima do peso. Por mais que esse número seja repetido à exaustão, pediatras, nutricionistas e endocrinologistas afirmam que a cada dia recebem mais pacientes nessas condições. Pesquisa recente da UFMG reforça o alarde: 39% dos alunos de escolas particulares de BH estão acima do peso (saiba mais).

De quem é a culpa? A reposta pode levar a um dos grandes dilemas atuais da sociedade. Sabemos que família e escola são os principais atores para incentivar hábitos alimentares saudáveis. Mas outros fatores influenciam esse consumo e talvez um dos mais perversos seja a publicidade dirigida a meninas e meninos. Com discurso sofisticado, associa alimentos muito calóricos e poucos nutritivos ao universo infantil e dificulta a negativa dos cuidadores. Além de a relação com a comida passar culturalmente pelas demonstrações de afeto e amor, não é fácil – e quem é pai ou mãe sabe muito bem disso –, lutar contra o fluxo consumista que pauta a contemporaneidade.



Diante desse cenário de urgência, o Saúde Plena aproveita o início do ano escolar e convida seus leitores a refletir sobre os caminhos para solucionar essa questão de saúde pública. Minas Gerais conta com a Lei da Merenda Saudável nº 18.372, de 4 de setembro de 2009. Ainda não conhece? Clique e leia. Em tramitação há mais de oito anos, o Projeto de Lei do Senado nº 406 de 2005, que proíbe alimentos não saudáveis nas escolas de todo país, pode ser votado em 2014 (conheça o projeto). Ele ainda está nas comissões do Senado aguardando nova votação após emendas. Apesar de não ser unanimidade, quem milita nessa área acredita na interferência do Estado para ajudar a impulsionar a solução do problema. “É uma medida que se faz necessária para que haja prevenção. As crianças obesas de hoje serão os adultos obesos de amanhã. O excesso de peso não complica só o coração, como geralmente se pensa, mas todos os órgãos do organismo e até o esqueleto sofre. O lado emocional é o que mais precocemente é impactado”, afirma o presidente do Comitê de Endocrinologia Pediátrica da Sociedade Mineira de Pediatria, Antônio José das Chagas.

Os dados mais recentes da Secretaria de Estado de Educação, referentes a 2012, mostram que 2,2 milhões de alunos estão matriculados na rede estadual; 1,8 milhões na municipal; 34 mil em escolas federais e 730 mil alunos na rede particular. Na rede pública estadual, as cantinas foram extintas, toda a alimentação é fornecida gratuitamente e não há alimento industrializado. Na particular, no entanto, as escolas ainda não conseguem cumprir a lei. A fiscalização é de responsabilidade da Vigilância Sanitária de Belo Horizonte e, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, é realizada continuamente quer seja em inspeções de rotina ou por meio de denúncias dos cidadãos. O telefone é o 156.


Infelizmente, a rede particular ainda coleciona histórias de mães e pais insatisfeitos com a alimentação oferecida dentro das instituições. P. G. é arquiteta, tem 39 anos e não quer ser identificada. Mãe de duas meninas, uma de 4 anos e outra de 2, ambas matriculadas em período integral, conta que, após inúmeras conversas com a direção da escola onde as meninas estudam, teve que optar por enviar o lanche de casa. “Do almoço eu não tenho queixas, mas o lanche é complicado. A escola não tem uma nutricionista, consultam uma profissional ocasionalmente, e o suco nunca é natural”, comenta. Além disso, segundo ela, a instituição oferece ainda biscoitos recheados, embutidos e danoninho (não indicado para crianças menores de 4 anos). De acordo com a Lei nº 18.372/2009, produtos e preparações com altos teores de calorias, gordura saturada, gordura trans, açúcar livre e sal, ou com poucos nutrientes são vedados nas escolas de Minas.


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Fonte: Uai/Saúde Plena



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