terça-feira, 25 de março de 2014

"Poesia de Criança"

As folhas caem
Nós humanos também
O copo cai e quebra
Os cachorros, gatos também caem
Mas, o amor
Já o amor não cai
Porque a cola com que é colado é muito forte
O amor só cai quando deixamos de usá-lo
Mas, todo mundo quer que o amor fique
E só o pássaro da infância seja libertado.

Enzo Koenig Velloso

Aluno dominicano teve sua poesia publicada no Jornal MUH! #9 2014
Foto: FanPage MUH! Jornal Cultural

quinta-feira, 20 de março de 2014

História de uma escola no interior do Piauí inspira professor dominicano


Após assistir a reportagem do Fantástico acerca do trabalho inovador dos professores de uma escola no interior do Piauí [veja abaixo] passei a acreditar que é possível melhorar a educação.

Infelizmente, a falta da estrutura, a baixa remuneração, a falta de incentivo da própria comunidade e etc, contribuem à desmotivação docente, mas os colegas professores do Piauí nos deram uma verdadeira lição de amor e compromisso com a educação pública brasileira, ajudando a desmistificar que aluno de escola pública e de baixa renda não é capaz de vencer na vida através do estudo. E também que a docência deve ser uma dádiva concebida com amor, compromisso, dedicação e não uma falta de opção e nem uma desculpa pra ganhar um trocado.

Parabéns aos colegas docentes do Piauí pelo excelente exemplo de profissionalismo e respeito com seus alunos, com os pais ou responsáveis dos alunos e pela comunidade. Seria muito bom que este exemplo se espalhasse pelo país.

Texto escrito pelo Professor Welington Mrad Joaquim 



Escola pública de cidade do Piauí tem alunos motivados e ótimos resultados
A escola Augustinho Brandão acumula dezenas de medalhas em Olimpíadas de Matemática e Química, e prêmios de astronáutica, astronomia e física. 


No Brasil, temos 40 milhões de alunos. Ou seja, um quinto da população está na escola. Somos a sexta maior economia do mundo, mas na educação, estamos em 88º lugar. Os professores ganham mal e os alunos não gostam das aulas. Por que tem que ser assim?

“A gente tem no Brasil uma tendência de arrumar culpado. E quando você vai no fundo, cadê o culpado? O culpado morreu há 30 anos e você está oprimido por aquele culpado. A gente tem que tomar conta do Brasil”, afirma Viviane Mosé, filósofa.

Algumas escolas já começaram a tomar conta do Brasil. O Fantástico pesquisou e encontrou escolas públicas em áreas pobres que possuem uma educação com qualidade de primeiro mundo, com médias melhores que as de escolas particulares e aprovando a maioria dos alunos no vestibular.

“Nós chegamos a ter instantes dentro dessa escola que tínhamos que expulsar os alunos, no bom sentido. Aqui parecia que era o melhor lugar. O menino estudava de manhã, mas ele queria ficar à tarde, queria ficar à noite, queria passar a madrugada estudando, porque aqui ele se sentia bem”, conta Narjara Benício, diretora regional.

A equipe do Fantástico viajou 12 mil quilômetros pelo Brasil, visitou escolas, conversou com pais, alunos, professores, especialistas na área de educação e com pessoas que vieram de escolas públicas.

Na série Educação.doc , viaje com o Fantástico e descubra o segredo dessas escolas públicas de alta qualidade.

O primeiro destino é Cocal dos Alves, no Piauí, uma pequena cidade, de economia rural, em um dos estados mais pobres do Brasil. Lá, a escola Augustinho Brandão já acumula dezenas de medalhas em Olimpíadas de Matemática e Química, e prêmios nacionais de astronáutica, astronomia e física. No Enem, está acima da média nacional.

“Em 2010, a escola aprovou todos os alunos que fizeram o vestibular. Todos”, destaca Aurilene Vieira, diretora.

“Se o pessoal se conscientizasse que a educação pode transformar, ia acontecer uma grande diferenciação. E foi o que aconteceu nesse colégio. Conscientizar tanto alunos quanto professores”, diz Franciele de Brito, aluna.

“Eu ouvi a vida toda que a educação pública é uma educação de péssima qualidade. Cresci ouvindo isso. E eu faço de tudo para mudar essa realidade. Eu acredito na escola pública. Não é possível que não dê certo em um país tão lindo, tão cheio de diversidades culturais, tão rico, não tem por que a educação não dar certo”, afirma Socorro Vieira, professora.

A mudança em Cocal dos Alves começou em 2003, quando a diretora Narjara e um grupo de professores receberam a missão de abrir a primeira escola de ensino médio da cidade.

“Aqui, nesse início de trabalho, vivenciamos as situações mais adversas que o público possa imaginar, de falta de tudo. Mesmo assim o trabalho aconteceu. Quando aconteceu, os apoios, aquilo que já era para estar sendo fomentado naturalmente, aconteceram”, revela Narjara Benício, diretora regional.

Para abrir a escola era necessário que os professores fizessem uma especialização na universidade. E isso foi feito.

“Na tentativa de ingressar os professores na universidade, tivemos nossos primeiros embates políticos. Aconteceu que no primeiro ano, nos esforçamos bastante para que todas as pessoas que ingressassem por Cocal dos Alves, para estar no ensino superior, fossem de Cocal dos Alves. E para isso, eu tive que fazer uma loucura. Porque aí tem: ‘Ah, queria beneficiar o fulano da cidade vizinha, porque é meu parente ou meu colega’. E eu tive meu primeiro embate. Disse: ‘Olha, eu não permito isso’. Se são os recursos de Cocal dos Alves que estão sendo usados, é para beneficiar o pessoal de Cocal dos Alves. E para isso tive que esconder papel timbrado, para não darem nenhuma declaração para as pessoas que não eram de Cocal dos Alves. Queriam fazer uma ‘farrinha’ com as declarações para aproveitar as vagas. Aí, foi minha primeira briga”, lembra a diretora.

Depois que ela conseguiu enfrentar o sistema e formar um grupo de professores de Cocal dos Alves, eles se reuniram e fizeram um pacto para tentar fazer uma escola de qualidade que conseguisse colocar os alunos nas melhores faculdades da capital do estado, Teresina.

“Nosso maior desafio foi fazer os alunos acreditarem nisso. Alunos filhos de pais analfabetos, da roça, que só tinham o que comer, que só dava para o sustento, a roupinha ruim. Então para fazer esses meninos viajarem nesse sonho, de que era possível sem ter dinheiro, sem ter uma roupa boa, ir lá para Teresina, para a capital, estudar lá. Foi necessário o sonho. Acreditar no sonho. Quando a gente conseguiu fazer esse povo acreditar mesmo que era possível estudar fora, se formar e mudar de vida, pronto. O aluno entra na escola Augustinho Brandão e já começa a sonhar: ‘o que eu vou querer ser?’”, afirmou Aurilene Vieira, diretora.

“Eu não vejo uma missão maior para a escola do que compartilhar esse conhecimento para que a pessoa consiga encontrar o lugar dela no mundo. Então, a escola, sim, é a grande mola propulsora que empurra as pessoas para a direção do sonho delas”, destaca Emicida, músico que estudou em escola pública. Os alunos criaram um jornal que é distribuído por toda a cidade. “Nós percebemos a necessidade de trazer a notícia para o povo”, diz uma das estudantes que criam o ‘Jornal Social’. “Não tem nenhum intelectual que pode sentar, por mais genial que seja, e dizer: ‘eu sei a saída para a educação brasileira’. Porque não tem uma saída. São muitas. É assim que eu faço o diagnóstico, não só da educação, mas da sociedade. Tudo está no chão. Algumas coisas muito interessantes começam a brotar de modo novo, corajoso”, afirma Viviane Mosé. “A escola tem recebido caravanas e caravanas com estudantes e estudiosos da educação para saber o que acontece aqui. Eu digo: ‘não precisa não’. Basta que cada um faça o seu papel e faça isso com engajamento. Seja professor que você quer ser professor e não porque lhe falta opção na vida. Seja gestor porque você quer conduzir aquela escola proporcionando o melhor para o aluno, e não porque você quer fugir de uma sala de aula. Seja sistema porque você tem ideias para contribuir e quebrar os paradigmas que forem necessários. Então a partir do momento que cada um de nós enquanto sistema, enquanto professores, enquanto pai de aluno focarmos no principal do processo que é o aluno, isso pensando nele enquanto profissional, ser humano, criança, adolescente, respeitando suas peculiaridades, sua faixa etária. Nós pensarmos nisso com valores e não nos moldes que está se perpetuando: ‘cada um por si e deus por todos’”, ressalta Narjara Benício. “Quando o pessoal cair na real e perceber que não tem outra forma de se ter um futuro melhor sem ser pela educação, aí vai acontecer a grande diferença, a grande melhoria”, destaca Franciele de Brito, aluna.

Fonte: Fantástico

quarta-feira, 12 de março de 2014

Dia 12 de Março é o dia do Bibliotecário

O papel do bibliotecário é fundamental para organizar e facilitar o acesso à informações em diferentes suportes e nos mais variados meios, sejam impressos, eletrônicos ou digitais. Ele é fundamental para conservar obras raras, mas também, para possibilitar o acesso à obras que guardam todo o conhecimento humano. São livros, documentos, fotografias, CDs etc.
 
É o bibliotecário que possibilita agilizar a busca, e, principalmente, que consigamos encontrar aquilo que pesquisamos. 

O profissional é apto para interpretar o que o usuário precisa, seu auxilio é fundamental para promover o incentivo a leitura e a informação.  


Fonte: Instituto Pró-livro

terça-feira, 11 de março de 2014

"A PEDAGOGIA DOS ANOS 80"

Texto trabalhado durante as reuniões com os pais dos alunos do Ensino Médio do Colégio Nossa Senhora das Dores.

“Eu te conserto nem que seja na pancada.” Se esta frase em alguma oportunidade de sua infância foi dirigida a você, parabéns! Você teve pais que se importavam com o seu futuro. Contrário ao que a mídia contemporânea pretende nos fazer crer, a criação dos filhos nos anos 70/80 não era sinônimo de violência e sim de um “amor maior que o mundo”. Aquele que nos preenche e sempre traz à tona lições aprendidas no passado.

“Veto à palmada” defendem os parlamentares. “Eu chamo o Conselho Tutelar”, ameaçam as crianças. “O Estatuto de Criança e do Adolescente não permite que eu seja punido”, bradam os adolescentes. Que futuro é esse? - pergunto eu. Não se pretende aqui defender o espancamento de qualquer infante. Na realidade o que se questiona é onde foi parar a autoridade dos pais em pleno século XXI? Importantes valores aprendidos no seio familiar algumas décadas atrás parecem estar simplesmente sendo substituídos pela completa ausência de limites.

Com frases como “se você e seu irmão pretendem se matar, podem rachar fora que acabei de encerar a casa” nos chamavam atenção desde a infância para a necessidade de respeitarmos o trabalho do próximo e a valorizar o resultado de nossos esforços no futuro.

McDonald’s e Bob’s que nada. Era arroz, feijão, verdura e, quando o dinheiro dava, um pedaço de carne. Sanduíche só uma vez por mês e precisava merecer. Refrigerante? Apenas aos domingos, quando a família se reunia para almoçar. E se reclamasse da disciplina da alimentação saudável, a resposta era simples: “Fecha a boca e come tudo. Não vai levantar enquanto não terminar”. Parece crueldade? Ninguém ficou doente ou traumatizado por causa disso. Na realidade aprendemos a nos alimentar corretamente e colocar no prato apenas a quantidade que vamos consumir.

Fugindo à regra da alimentação saudável, esta semana dei uma passada em tradicional lanchonete da rua São Benedito para comer uma “coxinha de frango com catupiry”. Uma verdadeira delícia perturbada por uma criança que dava birra, gritava, esperneava e chorava sem parar porque queria um refrigerante gelado e a mãe dizia que ela não podia por causa da garganta. A mãe se deu por vencida e entregou o guaraná gelado para o filho mal educado, reforçando assim a quem pertence o comando nas relações familiares. Outrora, bastava um olhar. Se não desse resultado, logo se ouvia: “Continua chorando que vou te dar um bom motivo pra chorar. Quando chegarmos em casa acertamos as contas”. Nesse momento a paz era imediatamente restabelecida.

Ir à missa era outra prática comum. Todos os domingos precisávamos acordar cedo para agradecer a Deus pelas bênçãos da semana que findou e pedir proteção para a semana que se iniciava. Aliás, a fé era algo que se aprendia a cada nova “arte” que “inocentemente” praticávamos: “É melhor você já ir rezando pra essa mancha do seu uniforme sair”. Os minutos ou horas que se seguiam pareciam nos remeter ao cinema. Ficávamos todos “a espera de um milagre”.

E por falar em bênção, esta palavra não se limitava aos atos de fé. Constituía também um gesto de respeito para com os mais velhos. Avós, pais, tios. Esse era o cumprimento de uma criança ou adolescente, mas se estendia aos adultos, uma prática de “etiqueta” indispensável ao bom convívio familiar: “Vai tomar bênção da sua avó ou piso no seu pescoço”.
O respeito das crianças alcançava inclusive a conversa dos adultos. Nada de interrupções. Em caso de um pequeno deslize bastava um olhar do pai ou da mãe que o “recado” estava dado.

A hierarquia doméstica também era regra clara. Quantos pedidos nós tivemos recusados e o questionamento da motivação pela negativa era respondido simplesmente com: “Porque eu disse que não pode. Ponto final”. Aprendíamos assim a não questionar o tempo todos as ações que nossos pais praticavam, afinal o objetivo era apenas um: o nosso bem-estar.

É claro que como todo “rebelde sem causa” tínhamos nossos momentos de frustração que por vezes resultava em uma má resposta aos nossos genitores. A hierarquia não era ameaçada por esses pequenos gestos de “insurreição”: “Me responde de novo e eu te arrebento os dentes”. Sempre preferi preservar o meu sorriso. Jamais me arriscaria a ficar “banguelo”!!!

Visitar um parente ou amigo da família era sempre uma “situação de risco”. A preparação começava pelo menos uma semana antes. Era preciso cuidado com as roupas, calçado, cabelo, unhas, mas principalmente com o comportamento. A orientação prévia era extensa e incluía o veto a aceitar qualquer bebida e alimento sem antes ser autorizado pelos pais. E, ainda, “nada de pegar fogo com o filho dos outros senão te parto ao meio”. Era aquilo que no “Kardecismo” se chama disciplina.
Vez por outra acabávamos tomando uma boa surra, é verdade. Mas nada que nos deixasse traumatizados ou depressivos. Ao contrário, a advertência valia por toda uma vida. Bom motivo para uma “tunda” era, por exemplo, aparecer em casa com algum “objeto novo”. A mãe queria sempre saber a origem e isso incluía uma visita ao local/pessoa de onde teria saído o mesmo. Caso a “transação” não fosse “lícita”, como trocar uma lapiseira por uma caneta sem autorização dos pais, “o chinelo comia”.
Aprendemos assim a ter respeito pelo patrimônio alheio.

Desculpem-me aqueles que acreditam ser esta uma pedagogia ultrapassada, equivocada e sem valor. É claro que existem novas técnicas, que também são bem-vindas. Mas é fato que as coisas mudaram e foi para pior. Os pais mostram-se impotentes diante de crianças e adolescentes cada vez mais agressivos e sem limites. Os infantes falam alto, não respeitam ninguém e sentem desprezo pelas regras e convenções sociais.

Se um futuro melhor é aquele em que crianças são ensinadas e incentivadas a um processo de erotização precoce; usam roupas, maquiagens e praticam danças inadequadas para a idade; aos dez anos já se tornam mães e tudo o que fazem é considerado “bonitinho” e “normal” pelos pais, graças a Deus nasci no momento certo: integro talvez a última geração educada não pela palmada, mas pelo amor incondicional dos pais, que mesmo com todo o rigor empregado em nossa formação deixaram-nos um legado de carinho, boas lembranças e condições de sobreviver em um mundo que se torna a cada dia mais inóspito.

Por  François Ramos - redator interino

Fonte: Jornal da Manhã 24/01/14