sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Produção textual dos alunos do Ensino Médio CNSD

Textos acima da média produzidos para o vestibular da UFU 2016

Texto 1: Carta argumentativa

Uberlândia, 3 de junho de 2017

Senhor Ministro da Saúde,

Sou uma cidadã preocupada, filha de médicos, e acompanho o desenvolvimento da medicina brasileira desde meu nascimento. Atualmente, com o crescente estímulo capitalista o qual o Brasil incorporou, cresce também o interesse econômico por trás de um fato que me trouxe a escrever ao senhor esta carta, a grande medicalização de aspectos antes considerados normais, problema que acarreta o consumismo de fármacos por parte da população, a qual precisa ser mais protegida pelo Ministério da Saúde, Ministério o qual é representado por Vossa Senhoria.

Cada vez mais, surgem novas doenças decorrentes de pesquisas que se tornaram possíveis com o desenvolvimento da medicina no país. Por outro lado, é imprescindível que haja a formulação de remédios para curar essas novas patologias, como foi o caso do coquetel destinado a portadores da AIDS, o qual tornou o Brasil pioneiro em sua distribuição gratuita e permitiu significativa melhora na vida dos portadores, os quais eram discriminados pela sociedade graças à manifestação macroscópica de sua imunodeficiência. Entretanto, o mercado farmacêutico, sendo beneficiado com o aumento de doenças a serem tratadas, aproveita-se do cenário atual de uma medicina mais avançada, alienando o povo brasileiro, o qual se vê cada vez mais obrigado a comprar medicamentos para combater “doenças” inexistentes.

Essa “má” medicalização, senhor ministro, fez com que o povo passasse a consumir remédios como consome qualquer outro produto, o que percebo ao analisar os clientes de meus pais, os quais possuem verdadeiras “farmácias caseiras”. Além disso, como toda a população do país, são compradores de remédios para diminuir a oleosidade da pele, para ajudar no emagrecimento de senhoras amargas, para tirar maus odores, que não existem, para “curar” TDAH de seus filhos que são bagunceiros, entre outras novas “doenças”, que há apenas décadas eram consideradas normalidades, mas que foram medicalizadas, atendendo aos interesses tanto de farmacêuticos, quanto de médicos associados a eles.

Dessa forma, como é dever do estado, mais especificamente do Ministério da Saúde, creio ser uma urgência a melhoria na fiscalização e o estabelecimento de padrões com relação à produção farmacêutica, discernindo quais remédios são realmente necessários à população e quais não são, além da exigência de receitas médicas no momento da compra dos remédios, com exceção daqueles que devem ser utilizados com urgência, buscando frear tal indesejável medicalização da vida de todos nós.

Desde já agradeço pela atenção,

Josefa.
Texto redigido pela aluna Anaclara da Silva Reis, da 3ª série A.


Texto 2: Relato

Memórias derretidas

As primeiras manhãs foram as piores depois que conseguimos alojamento em um dos poucos cubículos subterrâneos do Brasil. Deparava-me o tempo todo com o teto prateado e opaco que certamente refletia o ar sulfuroso do lado de fora. Depois, me acostumei. Não fazia muito sentido preocupar-me com um céu azul que já não existia e, depois de alguns meses, fiquei cansada de me assustar com a ideia de que todas as cores do mundo tinham sido lavadas pela radiação.

O passado era uma lembrança caótica, meio reverente, quase irreal. Mas, de certa forma, decepcionei-me com ele na primeira manhã, quando me arrastei de um dos cantos malcheirosos do contêiner que agora chamávamos de lar. O alarme soara de madrugada e não houve muito o que fazer, lembrava-me sempre. Corremos até a praia carioca apinhada de moradores desesperados e dominamos o bunker como se não houvesse mais chance alguma. Papai pagara um preço muito alto para manter uma vaga em períodos de necessidade e, como presidente, conseguiu um bom canto onde poderíamos passar a noite ao som das explosões. A maioria das outras pessoas não teve a mesma sorte, logo vi. Certamente foram pelos ares junto com os estilhaços mortais que tilintavam em alto e bom som.

Alguns aventureiros se arriscaram a filmar a terra desértica assim que os tremores explosivos terminaram, mas os terroristas haviam feito um bom trabalho: achamos que poderíamos escalar até a superfície, mas nenhum de nós, nem mesmo os homens que subiram, banqueiros ricos e milionários ociosos, sabíamos da química letal que os rebeldes muçulmanos usaram para construir a bomba.

Eles avisaram, é claro. Avisaram assim que Donald Trump aliou-se à França na guerra contra o terrorismo. Avisaram novamente quando destruíram metade do Vaticano na semana do Natal, e de novo quando sobrevoaram os ares com camicases que tingiam o céu com fumaça cinzenta. Mas as escolas diziam que guerras nucleares seriam difíceis de se concretizar, e continuariam dizendo se não tivessem se perdido em milhões de pedregulhos amorfos junto com os homem-bomba.

Naquela primeira manhã, depois de me arrastar do canto fedorento e de ter lamentado a morte dos homens destemidos que se entregaram à radiação da superfície, sentei-me em um círculo junto dos meus companheiros e liguei o transmissor de vídeo à pilha. Talvez tivéssemos a sorte de ver os últimos segundos de filmagem daquela câmera resistente, que derretia à luz da radiação e se dissolvia, borrando um mundo infértil e sem salvação. Foi a última cena antes do fim. O fim do mundo e o fim da vista que tínhamos dele. Virei meu rosto no final, porque não podia ver mais nada. Dei de cara com uma das paredes monótonas e, desde então, decidi que deveria me acostumar com elas.

Texto redigido pela aluna Júlia Barbassa França da 3ª série A.

Professora Dra. Priscila Toneli

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

"Ética na política e na sociedade"

A ética no cotidiano e na política brasileira sempre mostrou-se com um viés duvidoso, em parte pela cultura da população nacional e, em parte, pela realidade do governo, que nunca mostrou-se totalmente isento de práticas corruptas, mesmo nos primeiros anos de Brasil. Portanto, nota-se que a moral no cotidiano e na política brasileira deriva de uma cultura secular corrupta e de ilegalidade, aliada à desordem pública regente.

 A colonização do Brasil deu-se, historicamente, de maneira intensiva e exploratória e, como colônia, a região apenas tinha valor no campo da matéria-prima e do abastecimento da metrópole portuguesa. De fato, o mercantilismo existente no século XVI propiciava o distanciamento ético dos colonizadores em prol do enriquecimento. Como jovem nação, o novo mundo incorporou tal desvio moral à sua realidade, o que, lamentavelmente, persiste até os dias atuais. Surge, a partir daí, uma cultura antiética e corrupta, que passou a margear tanto a política quanto o cotidiano social da maneira que Marx chama de determinante: o local onde uma sociedade se estabelece, aliado à cultura apresentada ao povo determina um comportamento.

Além da cultura corrupta, nota-se que a falta de ética brasileira é justificável pela desordem política sempre constante na história nacional. Se em um primeiro momento a realidade monárquica propiciava o abuso do poder e a polarização política, durante a república, a hierarquia constitucional raramente foi respeitada. Segundo Montesquieu, a criação dos três estados (legislativo, executivo e judiciário) diminuiria a concentração do poder nas mãos de um só governante e tornaria a ética uma realidade social. Apesar de adotar tal modelo, a distribuição das obrigações políticas no Brasil não foi respeitada e a corrupção serviu para burlar a hierarquia. Com isso, reforça-se a constante antiética brasileira, que, a partir disso, apenas foi aceita com mais naturalidade política e socialmente.

Como resposta à problemática da cultura e da desordem política como precursoras do desvio ético e moral no Brasil, surge a necessidade do melhor vistoriamento do trabalho governamental pela própria sociedade, para que a divisão dos poderes seja obedecida. Tal ato deve ser alcançado por meio da participação em assembleias abertas ao público e por meio de manifestações organizadas. Além disso, é preciso que as escolas brasileiras pratiquem desde cedo a valorização da ética em detrimento da corrupção, para que as crianças, mesmo jovens, repudiem a ausência da moral e valorizem o caminho ético.


Dissertação argumentativa estilo ENEM escrita pela aluna Júlia Barbassa França da 3ª série A 

*Esse texto faz parte de projeto desenvolvido pela Professora Dra. Priscila Toneli na área de Linguagens e Códigos, coordenada pelo Professor Abimael.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

"A correria humana que dificulta hábitos alimentícios saudáveis"

Nós, humanos do século XXI, estamos sempre correndo. O engraçado é que, quanto mais corremos, mais ganhamos peso. Isso ocorre porque, por estarmos sempre com pressa e compromissos demais, nunca há tempo para nada além de correr para o trabalho ou para a escola. Não há tempo, inclusive, para fazermos uma refeição de qualidade. Na maior parte do tempo, decidimos parar em alguma lanchonete ou em algum restaurante que leva cinco minutos para preparar uma refeição hipercalórica e nem um pouco nutritiva. Mas, pelo menos é rápido, certo? O problema é que, com essa mudança drástica no ambiente social, a obesidade cresceu demasiadamente e a população, hoje, sofre com suas consequências.

A nossa correria se associa, em grande parte, com o aumento do salário mínimo em muitos países, como no Brasil. Nós começamos a ganhar mais por nossos trabalhos, ao mesmo tempo em que os supermercados sofreram uma inversão nos preços de seus produtos. Seguir uma alimentação regrada tornou-se, então, tanto um desafio econômico em vista da alta nos preços de alimentos adequadamente nutritivos, quanto um desafio pessoal decorrente da falta de tempo. Desta forma, as pessoas comem o que está ao alcance, o que nem sempre é algo saudável.

 Todas as causas listadas sobre o aumento da obesidade estabelecem consequências cruéis à saúde humana. Percebo, em todos os hospitais que trabalho, que o aumento da obesidade está diretamente ligado ao aumento de doenças crônicas, como as cardiovasculares, a hipertensão, a diabetes tipo 2, entre outras. Essas mesmas doenças, leitor, são as principais causas de morte entre adultos no Brasil.

Concluo, diante da minha vivência na área da saúde, que a primeira forma de combate a esse mal que perturba a sociedade é a ação estatal imediata no apoio a produtores agrícolas. O incentivo do Estado na agricultura poderá significar uma maior produção e uma consequente diminuição nos valores dos produtos nutritivos, tornando-os mais acessíveis à massa social. Além disso, o estabelecimento de leis que proíbam a venda de alimentos hipercalóricos nas escolas e programas sociais para incentivar melhores hábitos nutricionais é essencial. A correria do nosso dia a dia não deve influenciar no bem-estar do nosso corpo. É o que dizem, pois corpo são, mente sã.



Artigo de opinião escrito aluna Luiza Ranuzzi da 3ª série "A" – Ensino Médio 

*Esse texto faz parte de projeto desenvolvido pela Professora Dra. Priscila Toneli na Área de Linguagens e Códigos, coordenada pelo Professor Abimael.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Resenha sobre a saga Harry Potter

Sentada em um café escrevendo contos sobre um menino bruxo, JK Rowling sonhava com que uma de suas obras fosse publicada. O que a escritora britânica não imaginava é que daquele café sairia uma das histórias mais lidas por pessoas das mais variadas faixas etárias no mundo. O primeiro livro de uma das sagas mais reconhecidas mundialmente, “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, vendeu mais de 107 milhões de cópias e completou seu 20° aniversário de lançamento na última semana de junho.

Harry Potter é um garoto órfão que teve os pais assassinados quando tinha um ano por Lorde Voldemort, o bruxo das trevas mais poderoso de seu tempo que tentou matar Harry na mesma noite, porém quem acabou quase morto foi o próprio assassino. Já Harry escapara ileso, apenas com uma cicatriz em forma de raio na testa. Assim, ele passa a viver na casa dos seus tios que o detestam. No momento exato em que completa 11 anos, Potter descobre que é um bruxo e que fora convocado para uma escola de magia.

A caminho do primeiro contato com a escola, conhece Rony e Hermione: dois alunos que também estão em seu primeiro ano. Harry não fazia ideia de que se tornariam seus melhores amigos e fiéis companheiros em todos seus desafios. Ao decorrer da história, o “trio de ouro” descobre que há algo extremamente secreto guardado no interior da escola.

Esse objeto é a Pedra Filosofal, substância que era procurada por Voldemort, pois o ajudaria a se reerguer e tentar retomar sua soberania no lado negro da magia. Ao fim, Harry enfrenta Voldemort, consegue afastá-lo da Pedra e fazer com que ele não volte mais por um bom tempo. Com a ajuda de Dumbledore, o diretor da escola que auxiliou nos estudos da Pedra, ela foi destruída.

Por conta da criatividade extensa da escritora, essa história num contexto totalmente fictício fatos reais, como o estudo alquímico da Pedra Filosofal pelo alquimista Nicolau Flamel e suas propriedades, que consistiam em transformar qualquer metal em ouro puro além de produzir o elixir da vida.

Ademais, JK Rowling passa, mesmo sendo de forma discreta, muitos valores para os leitores pela história. A força da amizade, da lealdade, da confiança e da coragem aparecem constantemente no livro, que em 2001 estreou nas telas do cinema como uma franquia de enorme sucesso. É uma história que marcou uma geração de crianças, jovens e adultos e continuará movendo mais pessoas em torno desse universo cativante e literalmente mágico.

Geovana de Paula Pereira, Júlia Alves de Souza Moreira, Júlia Eduarda Caetano de Oliveira e Maria Eduarda de Oliveira, alunas da 1ª série A.

*Texto elaborado colaborativamente, parte de projeto desenvolvido pela área de Linguagens e Códigos coordenada pelo Professor Abimael e sob a orientação da Professora. Dra. Priscila Toneli.