quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

A sombra negra da cultura branca

É muito comum hoje em dia, tratar a cultura africana como algo diferente da cultura própria brasileira, mas, historicamente, o povo brasileiro compreende nas veias e no coração uma mistura incontestável de culturas, sendo a africana indispensável no resultado final.

Metade do vocabulário brasileiro, por exemplo, descende dos negros africanos: pipoca, feijoada, capoeira e muitas outras palavras migraram da África para o Brasil nos navios negreiros juntamente com seus falantes e aqui criaram raízes por mais que tenham sido repreendidas.

Mas, como diz Maquiavel em sua extraordinária obra “O príncipe”, a cultura de um povo não deve ser contestada, pois assim o dominador passa a ser odiado e focos de rebeliões rugem no território. Esse acontecimento, combinado com a louvável maioria da população negra em relação aos brancos, gerou tumultos, fugas e um nacionalismo crescente por parte dos negros traficados que fizeram da cultura brasileira o que é hoje: rica, própria e “preta”, tanto no que diz respeito à culinária, às lutas e às danças, à linguagem e às crenças quanto ao que diz respeito à religião (como o Candomblé, por exemplo).

Como diz o poeta, “o tiro saiu pela culatra”: enquanto os brancos dignos do poder de fé e de riquezas tentavam sem descanso exterminar a cultura africana no Brasil, ela tomou força e acabou por ser praticada em sigilo, nos terreiros, nos quilombos e nas senzalas, desafiando senhores de escravos e impondo uma cultura ancestral que hoje é obrigatória e digna de ensino nas escolas brasileiras.

Apesar de toda essa caminhada dolorosa e necessária que tanto enriqueceu a cultura brasileira, o racismo ainda se faz presente entre uma maioria da população do Brasil, o que prova que o maior problema do ser humano, que causa mortes, guerras, destruição e tragédias é o desprezo pelas culturas diferentes e a valorização única e exclusiva da própria crença, um conceito de geografia chamado de xenofobia, um dos maiores problemas mundiais da atualidade.



Texto escrito pela aluna Júlia Barbassa França - 2ª série "B". 

Professora responsável: Profª Drª Priscila Marques Toneli

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

"O legado africano no Brasil"

Desde que os portugueses chegaram ao Brasil e aqui colonizaram, sua principal mão de obra para os mais diversos fins eram os escravos negros. Trazidos da África em navios negreiros, essas pessoas carregaram consigo por todo o Atlântico sua cultura e para o Brasil trouxeram-na e fixaram-na por todo o território.

Percebe-se diariamente a contribuição da cultura africana na construção da identidade brasileira. São palavras, como Uberaba, Ituiutaba, acarajé, são as músicas, como o samba e o pagode, são os instrumentos musicais, como o berimbau e o batuque, na religião com os deuses e os orixás. A herança deixada pelos africanos foi imensa.

A capoeira, um estilo de luta dançado, foi criado pelos escravos e foi utilizado como forma de se libertarem da força da escravidão a que eram submetidos nas fazendas. Aqueles que conseguiam, fugiam para os Quilombos dentro das matas brasileiras, que eram comunidades onde os escravos podiam viver livremente, sendo o mais famoso de todos o dos Palmares. Até hoje a capoeira é praticada por diversos brasileiros como esporte.

Deve-se levar em consideração também a contribuição das estruturas e dos monumentos presentes nas cidades. Cada igreja, casa, monumento, fazenda, estrada datada do período colonial e imperial foi erguida com o suor negro. A escravidão no Brasil deixou marcas em qualquer lugar em que hoje se vá, foi graças aos negros retirados a força da África que temos uma riqueza cultural e estrutural.

O ensino obrigatório sobre História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas, o feriado da Consciência Negra, assim como a Lei das Cotas, são formas de valorizar e resgatar o passado de dívidas que temos com os negros por toda a opressão sofrida. Faz-se necessário também o contínuo trabalho em parceria entre a escola, família e o governo para educar as crianças a tratarem as pessoas de qualquer etnia como igual e reeducar os brasileiros a terem tal mentalidade. A ênfase na valorização histórica da cultura negra para atual identidade brasileira deve ser disseminada por todo o Brasil.

Texto escrito pela aluna Stella Monteiro Ali - 2ª série "B". 

Professora responsável: Profª Drª Priscila Marques Toneli

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

"Férias"

É o que todos queremos e com razão. Apesar de todos os momentos bons e de toda a companhia, um ano letivo é desgastante, tanto para professores quanto para alunos.

Quando chega, é recebida com aplausos, uma das Sete Maravilhas do Mundo, uma luz no fim do túnel daqueles que contaram os dias para descansar durante um infinito limitado. É verdade. A juventude de hoje espera mais pelo recesso do que pela aprovação.

Só um estudante atual pode explicar de antemão os sentimentos que envolvem o último minuto do último dia de aula. Na maioria das vezes, a última hora já é um borrão empolgante e matéria nenhuma entra na cabeça das pessoas. A alegria da contagem regressiva contagia até os professores e os gritos saudosos são a melhor parte.

Os amigos se despedem com a promessa de que se verão na semana seguinte, mas só se reencontram no outro ano e na situação inversa, quando começa o primeiro dia de aula. Faz parte. Às vezes passamos tanto tempo com as pessoas que procuramos momentos de solidão. Como diz Cazuza, “Às vezes eu amo e construo castelos, às vezes eu amo tanto que tiro férias e embarco no tour pelo inferno”. Até mesmo as melhores pessoas nos cansam depois de um ano inteiro. E não se iluda: férias podem ser tão enjoativas quanto os meses de estudo.

O primeiro mês é um sonho, uma passagem só de ida para o paraíso, não conseguimos nos ver em meio a livros e cadernos. O pensamento deprime e então pensamos que temos mais um mês. Patético. Quando a metade das férias chega, o resto dela passa mais rápido do que os fogos de artifício do Ano Novo. Mas não nos importamos. Já estamos começando a nos sentir incomodados com a falta do que fazer.

Na última semana, pensamos que temos mais um dia, mais algumas horas, mais alguns minutos de descanso apesar do tédio. Eles são reais, mas simplesmente fogem por entre nossos dedos. Depois de dois meses, a maioria dos estudantes já começou a trocar o dia pela noite e agora precisa se acostumar a acordar cedo novamente. “Mais cinco minutinhos” torna-se linguagem universal e o que antes era diversão depois da meia-noite acaba se voltando contra você como um Titã enfurecido. É simplesmente impossível acordar cedo nas férias e dormir antes das onze é uma ofensa grandiosa.

 Então encaramos o problema de frente e dormimos menos do que o habitual na véspera de reencontro. Marchamos pela calçada até a escola parecendo zumbis e com um mau humor matinal que não víamos desde meados de dezembro. Os pensamentos são os piores possíveis enquanto nos vestimos e não melhoram quando abrimos a janela e nos deparamos com o dia ainda escuro.

Mas talvez seja a empolgação em rever os amigos ou a esperança de não mais ficar entediado, mas algo muito estranho acontece quando a fachada da escola se mostra no horizonte. O dia já está mais claro e dentro do peito você começa a se sentir mais feliz.

Pensamentos ruins são nocauteados pelos bons e se não tem outro jeito, descemos do carro com um sorriso estampado no rosto. Não é tão ruim assim. Os cadernos têm um cheiro novo e viciante, os livros estão limpos e bem cuidados. Apesar de já sentir saudades das férias, você marcha pelos corredores, afinal brasileiro que é brasileiro não desiste nunca.

“E se nada der certo”, você se anima logo, pois “as férias do meio do ano estão logo aí”.  

Texto escrito pela aluna Júlia Barbassa França - 2ª série "B". 

Professora responsável: Profª Drª Priscila Marques Toneli